domingo, 6 de janeiro de 2008

À Paulo Henrique Baldi


Ele arranhou o travesseiro de tanto que pensou e desejou uma saída leve e confortável... Afinal de contas os primeiros dias daquele mês tinham se apresentado “cronicamente inviável”. Com uma estaca fincada no peito ele chorou até transpirar e não encontrou uma gota de sono para dormir na madrugada. Mal disse um milhão de vezes a tarde de encontro. Nada seria como antes, aquela certeza endurecida desafinava impaciente a sua alma aquariana tão cheia de vontades e planos. A amizade de anos fora arranhada. Ele sabia que tinha sido sensato. Guardara as flores de todas as promessas que um dia daria certo. Mas não deu. A fruta caiu no molhado antes de amadurecer e ele não tinha mais sementes... Precisava arrumar um emprego urgentemente, prestar vestibular, aprender falar inglês (já que não tinha viola, não sabia fazer poesia nem tinha mais lágrimas para chorar). Necessitava de outro norte e principalmente do colo morno e moreno de uma Roberta que não lhe saía do pensamento. Continuava com o travesseiro arranhado e seu amor pingando coma por todos os lados. Sonhando com a metade de um sorriso para poder alumiar aquela próxima manhã oleosa de março.
Zenilda Lua

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