domingo, 30 de novembro de 2008


O sábado começa igual aqueles dias que vamos encontrar a mais amada das pessoas. Uma consulta ao relógio e boto o esqueleto para funcionar. Saracoteio pela casa, molho as plantas, leio o jornal, respondo e-mail, chaveio a porta e sem o poeta vou à casa da sogra (três casas depois da nossa) café farto, leite fervendo (porque o dia amanheceu chuvinoso) manteiga no pão quentinho e dois cheiros na bochecha para compensar a ausência da semana.

A sogra continua sendo minha Samaritana. Dezesseis anos de convívio e nenhuma desistência. Nos acostumamos uma a outra como mãe e filha que se dão bem. Não é de ninguém o bolo que ela guardou para mim, embolora, mas ninguém come.

Às vezes fico empanturrada com seus doces, pudins, suco de couve, purê de beterraba (affh!) O meu biótipo nunca foi recheado e ela jura que preciso engordar “só um bucadinho”.
Amasso o alho que ela me ordena. Pior castigo do mês, enquanto vai me contando das algazarras dos passarinhos, do vizinho que exagera no volume do som, da carestia das frutas, da morte do Caymmi. O sábado se vai sorrindo feito sabiá em dia de colheita. A sogra é uma menina. Um arco-íris que adora fazer ginástica, passar batom, bordar as unhas, dengar a Brisa, encher a lata de biscoito e os meus olhos d’água de amor. (Zenilda Lua)

Nenhum comentário: