domingo, 6 de janeiro de 2013


As coisas definitivas não precisam ser solitárias. Acredito que foi pensando desse modo que Beto Jaguary reuniu tanta gente capacitada e nos entregou o Kaipir@ Antenado, seu mais recente trabalho, um cd repleto de considerações.
Depois dos “Xotes pé-de-serra” do Forró Floral e, da poesia límpida do Semear, o Kaipir@ Antenado sinaliza bons ventos. Com um roteiro muito bem enlaçado, a sonoridade parece acústica e está cheia de enfeites bonitos.
Beto tem o que ninguém lhe pode tirar; uma ótima voz e uma fé incrível. Em todas as faixas ele canta com intensidade original. Suas músicas são de uma ternura doce.
Neste momento, que lhe parece mais reflexivo, Beto não se intimida e consegue reunir acordes, humildade, verdades e beleza numa mesma ala musical.
Sugere uma harmonia intimista com o sagrado, apresenta transformação que passa pela colcha de retalho ao vaso novo. Somente sua enorme intimidade com as palavras, combinações e ritmos fazem com que a linguagem de todo o cd nos forneça poesia.
Coisa de quem sabe que o céu também começa nas pedras. “Coisa de quem sabe que a materialidade da vida não esgota seus significados”.
Beto canta. Canta a vida. Canta o que alumia e o que dói. Canta o amor, a esperança, a inclusão e a ausência. Canta o verde no olhar do amor que deseja o cheiro da terra e seus milagres. Canta a migração dos pássaros. Canta a flor que sai do sentimento para virar poema. Tudo simples e importante feito à coloração das frutas, a água da chuva ou do mar filtrada por infinitos.


Por Zenilda Lua 
Verão de 2012.


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