segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Perdoem-me o excesso de vaidades, mas com gente comos estas, há quem fique sem contenteza?!

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Coluna Crônica Jornal de Caçapava: A Moça das Saias Coloridas.

(Jornal de Caçapava, 22 de fevereiro de 2013.)


     Zenilda Lua nasceu em Patos, na Paraíba, em nordestinos vinte e três de janeiro de 1971. Nasceu para a poesia, mas nunca fugiu de suas outras sinas, nenhuma delas. Mulher guerreira e batalhadora sabe viver a fina flor do que nos faz mulheres, secretamente entranhado nas linhas de sua escrita. Há que ler para entender.

    Em 1992, veio para São José dos Campos, veio para o amor, para o trabalho, para os amigos, para tornar o cinza mais colorido e mais vibrante como suas saias rodadas: elegantes e finas como sua arte. Veio ser a poesia que sempre foi. Quando nosso encontro extrapolou as linhas, tive a satisfação de participar de dias mais amenos, manhãs mais domésticas e fins de tarde pesquisados em nossos sonhos de trabalho revigorante, de descobertas literárias que não escapem ao humano, pois nós gostamos de gente. E, é difícil gostar de gente, é trabalhoso aprender a respeitar a diversidade, é custoso ver-se no outro, mas Zenilda Lua o faz tão tranquilamente, tão poeticamente, que às vezes fica difícil saber se algum dia, sequer, ela tenha olhado para a vida, tenha respirado o mundo sem o oxigênio lírico. Será?

   Sim, nós temos A Moça das Saias Coloridas e já não é possível imaginar essas ruas joseenses sem a cor de suas saias. Já não podemos supor as praças sem seus saraus, os encontros sem seus abraços, sem seus acalantos, sem sua disposição constante.

   Nesta cidade tão distinta, tão agigantando-se, uma migrante nordestina nos faz mais próximos, mais amigos, mais humildes em nossas angústias, mais fortalecidos em nossos sonhos. Nesta cidade que ‘anseiam’ tão tecnológica, ela, poetisa, nos oferece uma inspiração bucólica, cheia de perfumes, sons e agrados sertanejos. Tudo combina tão bem com o asfalto histórico simbólico que tão poucos... Deixemos...

   Há muito tempo venho tentando lapidar letras à altura da generosidade poética e humana de Zenilda Lua, não sei fazê-lo a contento; não me atrevo à crítica, não quis desistir; resolvi apenas prosear com sua poesia, reli, reli, reli. Na incompetência de lhe dizer o quanto significa para todos nós, recorro à suas letras, que jeito melhor?


Quimera 77

“Destilada a seiva
e a memória latejando o peito:
Pai, Bênção!
Pai, reza comigo!
Pai, apaga a luz!
E aquela voz de sítio molhado
chegava crua num assobio singelo:
_ Tô indo, Fia!”



Zenilda Lua é autora de Alfazema (2007) e Aparador de Quimeras ( 2011).


Sônia Gabriel

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