sábado, 16 de novembro de 2013




Desenho no papel de pão uma flor de quatro pétalas enquanto ele corta tomatinho e cebola para a sopa escutando rádio. Os cachorros do vizinho da frente continuam latindo com irritante ênfase.
A calçada, garagem e quintal estão cobertos de folhas, tão amarelas até parece que caíram do sol. Quatro dias na estalagem hospitalar avolumaram-se os afazeres domésticos. Estávamos desejosos de casa, amargando a saudade prévia de cada canto. O proveito de tudo são os saberes que ganhamos ao longo desses apartes. Sabemos que os amigos estão na provisão do bem restabelecendo o fio de tudo que é saudável. Os sobrinhos são nossas tirinhas de ouro no visitar das tardes. Os irmãos continuam sendo “meus- minino- pequenos” e a mãe um sorriso na porta esperando notícias. Sabemos também que a poesia não ganha pulsar doloroso mesmo com o reaparecimento das águas tóxicas e a permanência dos tumores.
Nesse tempo a horta engravidou a roseira. Está pesada de botões roxos. A passarinhada continua cantoriando no pé de limão cravo.
Voltar para casa é diferir do resto. É sentir que o cheiro da chuva supera em muito o cuidado dos enfermeiros. É livrar-se de aguardar a febre, é deixar de temer o obvio e se recompor no meio dos alegres. É contemplar a luz invisível da lua cheia que, mesmo sem aparecer no céu a gente sabe que está lá.
É dar graças a Deus e pensar em Jesus.
“Por séculos e séculos o coisaruim nos cega com embustes. E o corpo dele na cruz suspenso. E o corpo dele sem panos”...
Oh Salvador meu, continue olhando por nós viu? Eu te adoro!
Obrigada a TODOS amigos e familiares pela primícia sincera do afeto que vem de cada UM e nos protege.
O que mais quero é saúde para envelhecer ao lado dele, meu amoroso dono.

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